domingo, 9 de setembro de 2012

Viagem e “pseudo-trilha” em Bicuda Grande


Bicuda Grande é um distrito da região serrana de Macaé, no interior do estado do Rio de Janeiro. A Região Serrana atrai diversos turistas da cidade de Macaé, e até de municípios vizinhos, devido a grande beleza natural de seus distritos. De maio até novembro são realizadas festas na maioria deles.

Lembro a primeira vez que fui à Bicuda Grande, eu não devia ter mais de 13 anos. Tenho uma grande amiga de infância que possui um sítio la e assim como daquela vez ha quase 10 anos atrás, novamente nesse feriado de 7 de setembro acabei retornado à Bicuda.

Dessa vez fomos em dois carros e viajei com mais 5 grandes amigos. O sítio havia mudado bastante mas pra mim permanecia o mesmo. Fizemos churrasco e bebemos cerveja, comemos pizza “crua”no forno a lenha, passamos horas em jogatinas com Korsário e Truco e ainda tomamos banho gelado de piscina e cachoeira. Um feriado realmente bem aproveitado e em melhor companhia possível.

Na manhã de sábado acordei bem cedo e determinado a fazer uma primeira trilha naquela região. Tinha levado calça e botas, garrafa de água, bússola e um singelo canivete. Nenhum dos meus amigos estava disposto a me acompanhar mas fui assim mesmo, seria um grande desperdício deixar passar uma oportunidade dada pela Mãe Natureza. 

Assim, tomei um banho mega gelado e tomei um café revigorante. Ao sair da cabana encontrei com o caseiro do sítio e perguntei a ele se ele sabia onde ficava o início da trilha pra subir a montanha de Bicuda Grande. Ele, muito simpático, disse que nunca havia ido e que era bem perigoso ir sozinho e ainda mais sem conhecer o caminho. Disse a ele que ia me aventurar assim mesmo. Ele disse que ia me acompanhar até um outro sítio onde ele achava que a trilha começava. No caminho descendo pela nascente do rio ele me perguntou se eu estava equipado com um facão. Disse que tinha apenas um simples canivete. O caseiro disse que a mata era fechada e que alem disso tinha “onça” no caminho. E que uns dias atrás essas onças tinham matado todo o rebanho de um fazendeiro da região. Retirou então seu facão da cintura e disse pra eu amarrá-lo na minha. O facão, quase uma espada samurai, não tinha menos de 80cm. Aceitei o presente e continuamos a caminhada. Chegando ao sítio que ele falara perguntamos a uma senhora o início da trilha para o Pico de Bicuda Grande. Ela informou onde era mas disse que eu não fosse sozinho, que fazia tempo que ninguém tinha ido la e que devia estar bem fechada. E por último perguntou se eu estava levando corda. Eu me perguntei “corda? Aí é demais..”. Ela disse que tinha uma parte da trilha que tinha que atravessar grandes pedras e que necessitava de corda. Depois de relutar tanto acabei aceitando a derrota e desisti de subir essa montanha. Pelo menos por hora, um dia eu volto com certeza pra subir até o topo, foi a promessa que fiz a mim mesmo. Ao voltar o caseiro do sítio da minha amiga me falou de uma outra trilha, mais simples e tão bonita quanto que eu poderia fazer. Era uma outra montanha acima de todos os sítios. Me indicou o caminho e assim salvou minha trilha.

A trilha foi realmente muito simples. Um pouco mais de 2 horas sob um sol forte na região serrana. Belas paisagens e uma mata um pouco densa o que me obrigou a abandonar uma subida no alto da colina. O silêncio da natureza era demais! Ao longe dava pra se ouvir bem fraquinho o canto dos pássaros mas o que realmente marcou essa trilha foi o silêncio das árvores. Sem vento algum estas tinham suas folhas imóveis durante toda a subida. Me senti como um fantasma ali no meio daquilo tudo. Como se a minha presença fosse totalmente ignorada pela mata. E dessa sensação vou me lembrar por muito tempo.     

Um comentário:

  1. Bem, realmente a trilha é difícil e tem de ter um guia. Já escalei uma vez e pretendo voltar em Janeiro. Tenho um blog (Noticias da Bicuda) e postei sobre um fato sobre ela em 1949.

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