domingo, 2 de dezembro de 2012

Polônia: Wroclaw, Varsóvia, Auschwitz e Cracóvia


A viagem à Polônia foi marcada por muitos acontecimentos inusitados e divertidos. Essa viagem envolve campos de concentração, mendigos, baladas, pernoites em trem, desenrolo com cobradores e até ataque de hooligans. E tudo isso em apenas 4 dias e 3 cidades.

Wroclaw
Também conhecida como Breslau, é a quarta maior cidade da Polônia e o nosso primeiro destino por um motivo simples: os vôos eram baratos para lá a partir de Paris. Possíveis serem comprados a 50 euros ida e volta. Viajei junto de uma amiga que convidou também uma outra amiga dela, 3 pessoas, que considero ser a quantidade perfeita pra se mochilar. 

Chegamos em Wroclaw um pouco antes do anoitecer e pudemos dar uma volta pelo centro da cidade. Muitos prédios característicos da Europa Central, com pequenos parques e árvores espalhadas pela cidade. Uma paisagem agradável aos olhos.
Ainda neste dia pegaríamos o trem para Varsóvia, passaríamos a noite nele pois a viagem seria longa com cerca de 7 horas se não me engano. Vale lembrar que pra um passeio organizado é bom comprar com antecedência as passagens de trem entre as cidades, assim montando um roteiro prévio.
Antes de anoitecer fomos a um restaurante na praça central para jantar. Um prato muito gostoso da Polônia é chamado de "pierogi": bolinhos de massa, normalmente recheados com repolho e/ou cogumelo, carne, batata e/ou queijo temperado, coalho doce de queijo com uma pitada de baunilha, ou mirtilos ou outras frutas. Nas versões doces são cobertos com creme de leite, e açúcar. São realmente deliciosos e o melhor de tudo: baratos!
Após jantar demos mais um passeio pela cidade visitando lagos, pontes, igrejas e parques e então partimos em direção a estação de trem rumo a Varsóvia. No tempo que ficamos lá esperando o trem pudemos nos distrair com um acontecimento inusitado: mendigos que ali dormiam discutiam e se empurravam. Engraçado que eles eram bem idoso então era como ver uma corrida de caramujo em câmera lenta. Depois de algumas risadas à la Hulk pegamos uma cabine no trem que mais parecia uma mini favela do Vidigal e ali roncamos até o destino. E por pouco não perdemos a parada, pois uma vez o trem na estação é necessário ser ágil pra se arrumar e sair pois ele não espera. Saímos por pouco.

Varsóvia

Chegamos bem cedo em Varsóvia. Tomamos café na estação e fomos passear pela cidade. Varsóvia é a capital e maior cidade da Polônia. Nela encontra-se o museu do famoso Chopin. Um museu ultramoderno dedicado ao músico e compositor Frédéric Chopin que viver no início do século XIX. Nunca fui muito fã de museu mas o legal de se viajar com amigos é isso, você acaba visitando lugares que sozinho não visitaria.


O centro histórico de Varsóvia é incrivelmente lindo. Acho que de tanto que fiquei deslumbrado acabei esquecendo de tirar uma foto..Uma pena..
Após rodar o resto do dia por la, paramos pra almoçar e tomar um sorvete. Uma cena bacana foi ver um monte de crianças correndo em direção às sorveterias com um monte de moedinha nas mãos junto de sorrisos inocentes...Aquele monte de cabecinhas loiras...O que é impressionante porque na Polônia parece que todo mundo é loiro! E bem...sobre as mulheres não preciso nem falar nada... Deixei o país tendo a certeza de onde encontraria mãe dos meus filhos! haha!
Bem, se as crianças tinham direito porque não nós? Compramos uns sorvetes diferentes, altos e azuis...algo que não se vê todo dia.


Visitamos umas lojinhas que trabalhavam com Âmbar, aquela resina fóssil bem rara e bonita, comum na região. Acabei comprando um par de brincos pra dar de presente, tudo muito bonito, mas um pouco caro.
Antes do entardecer fomos visitar um parque não distante do centro, muito agradável, arborizado e o clima ainda ajudava com um sol não tão quente e um vento suave e agradável. Poderia passar horas ali só pelo prazer de estar.




Saindo no parque ainda encontramos uma churrascaria brasileira, com picanha de verdade!! Nem com muita fome a gente tava mas encontrar uma churrascaria ali no meio da Polônia...fomos obrigados a conferir. E valeu a pena. Foi meio correria pois ainda íamos pegar o trem pra Cracóvia, mas deu tudo certo. Quer dizer, quase. No trem tivemos um pequeno contratempo na hora de validar os bilhetes. Havíamos comprado um com desconto especial pra estudante, mas não percebemos que a promoção era válida apenas pra estudantes locais. Foi uma pequena confusão e depois de muito desenrolar conseguimos passar no migué. 

Cracóvia
Chegamos a noite em Cracóvia. Fizemos check in em um albergue por lá e tomamos um banho revigorante. Partimos direto pra balada. A boate era um pouco diferente das que a gente estava acostumado na França, mas também não se assemelhavam as do Brasil. Tinha um perfil a parte. O que mais me chamou a atenção foi o preço das bebidas. 10 doses de vodka com um licor por menos de 10 euros...era de graça! Na França você pagaria no mínimo 5 vezes esse valor. Curtimos a noitada la e voltamos pra dormir pois no dia seguinte havia combinado no albergue de pegar uma van que nos levaria até o campo de concentração de Auschwitz.

Auschwitz
Prefiro fazer uma outra postagem apenas relatando essa experiência, que foi única e emocionante. Em breve vou relatar.

Cracóvia - Wroclaw 
O passei em Cracóvia foi rápido. Estávamos cansados também e só teríamos o resto do dia antes de pegar o trem de volta a Wroclaw e de lá para o aeroporto. Mas ao passearmos pela cidade pudemos perceber o tamanho da beleza desta. Tudo muito organizado. Eu pelo menos na minha cabeça não imaginaria a Polônia um país assim.


Ainda pudemos fazer um último lanche, tomar uma última cerveja polonesa (levemente amarga) e experimentar uma sopa de cogumelos (não alucinógenos!) feita dentro de um pão. Um prato bem curioso e ainda mais gostoso. Você tomava sua sopa enquanto mordia as beiradas do recipiente. Prático, não?
Ainda passamos na famosa fábrica de Oskar Shcindler um personagem heroico da segunda guerra mundial.



A viagem chegava ao fim. Pegaríamos o último trem e então voltar pra casa. Acontece que não seria tão simples assim...
A estação estava em reforma o que dificultava o acesso às vias. Estávamos em cima do horário e não conseguíamos acessar a plataforma do nosso trem, corríamos pra cima e pra baixo, prum lado e pro outro nado. O horário tinha chegado. A única opção seria cruzar as linhas de trem a pé. E assim fizemos. Corri na frente pra segurar o trem. Pulava na linha do trem, jogava a mochila pra cima, escalava a via. Quatro vezes seguidas, com o trem já pestes a partir. O guarda me parou. Ele não falava inglês nem eu polonês. As meninas seguiram, eu fui junto. A porta do trem estava aberta, pelo acesso dos trilhos. Entramos com a ajuda de uns caras. Eles pegaram nossas mãos e fazendo festa pela situação entramos enfim. E isso seria o começo de uma longa viagem. Pois na verdade o trem estava repleto de torcedores do time local que depois de muitos anos havia sido campeão. Todos altos, fortes, de cabeça raspada, bêbados e gritando. Ficaram nos oferecendo cerveja, cigarro e puxando assunto. Apenas queríamos passar pra nossa cabine. Quando as meninas disseram que éramos brasileiros a festa deles foi grande. Tentaram abafar as meninas. Eu sabia que a situação tava punk pra gente. Por um milagre conseguimos ultrapassar a barreira humana, o famoso corredor polonês e andamos até o próximo vagão. No espaçamento que conecta os dois vagões nos deparamos com um aglomerado de policiais de tropa de choque. Perguntamos se podíamos ficar ali, espremidos, e eles deixaram. Tinham mais 2 ou 3 pessoas ali já também. Eles nos aconselharam que na próxima parada descêssemos do trem e entrássemos pela frente, que estaria mais tranquilo. Após quase meia hora fizemos isso. Entramos pela frente do trem e entramos em uma cabine fechada. Lá tinha já uma mulher que dormia e um monte de policial. Eles saíram e ficaram do lado de fora da cabine pra nos dar lugar pra sentar. Pensávamos que havia acabado o sufoco e pudemos então relaxar e fechar os olhos pois a viagem ainda duraria por horas. Cerca de 1 hora se passou e  o trem parou. Acordei no susto. Havia uma confusão do lado de fora. Os torcedores haviam descido e junto deles os policiais. Era uma gritaria e cantoria sem fim. Me senti no filme Hooligans com Elijah Wood. O trem retomou o caminho. Fechei novamente os olhos. Mas só por alguns minutos. Iria perceber então que de fato os policiais haviam descido e deixado nosso corredor, mas os torcedores ainda restaram, aos montes. Um deles abriu a porta da cabine, meteu a cabeça pra dentro e meio que deu um susto na gente. Uma das meninas acordou assustada. Pressionei a porta com meus pés fechando-a. E continuei com os pés lá pressionados. E assim seria a viagem mais longa da minha vida. Por horas permaneceria ali, com os pés pressionados enquanto por muitas vezes os torcedores tentariam abrir as portas. Como estavam bêbados e irracionais sabia que se entrassem ali e vissem as duas meninas poderia ser um grande problema. Então não me restava outra alternativa a não ser ficar e segurar a porta. Por vezes eles forçavam tentando entrada, e algumas vezes não tinha força pra segurar e a porta se abria lentamente exigindo ainda mais força pra fechá-la. Horas se passavam e minha perna já tremia. Por sorte a cada parada do trem muitos torcedores desciam e as investidas diminuíam. Uma das meninas permaneceu acordada comigo, assustada. A outra, em sono profundo, podia acontecer o apocalipse que acho que ela não levantava. Mas só em saber que eu era responsável pelas duas me sentia na obrigação de ficar ali. O fim da viagem se aproximava e amanhecia lentamente. Quase não escutava mais barulho vindo do lado de fora. Foi então que pude descansar de fato. Minutos depois o trem chegaria ao destino. E de lá iríamos ao aeroporto e de volta pra casa.
Amanheceu e descemos do trem, saí mancando mas com sensação de dever cumprido.
Bardos cantariam sobre meus feitos, guerreiros me teriam como inspiração, idosos contariam aos netos essa história, lendas ecoariam pela eternidade... 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Eurotrip - Parte I



Não tinha como não escrever sobre a primeira viagem durante minha estadia na Europa: nosso primeiro EUROTRIP.

Pra quem ainda não assistiu o filme Eurotrip (Passaporte para Confusão) sugiro que o faça imediatamente! É de longe o filme mais engraçado que já assisti. E essa viagem não ficou pra trás do filme em termos de confusão.
A viagem teve duração de 12 dias se bem me recordo durante uma mini férias na universidade em Lyon, e rodamos não menos que 5 países: Luxemburgo, Bélgica, Holanda, República Tcheca e Itália. Junto de mais 6 amigos a Europa ficaria pequena pra gente!
Era final de outono quando saímos de madrugada de Lyon na França, um frio avassalador nos obrigou a vestir vestimentas super pesadas e a levá-las também na mochila. Quando se faz um mochilão desse tipo (usando também além de trens, companhias aéreas low-cost) não se pode usar uma mochila muito grande ou muito gorda pois segundo as normas das companhias existe um tamanho limite que dizem ser o máximo a caber no bagageiro superior do avião. Fora que muitas vezes andamos pra cima e pra baixo com a mochila então também não se deve exagerar no peso pra evitar uma baita dor na coluna. Arrumar uma mochila é uma arte e ainda por cima quando se tem casacos grossos, roupas de frio pesadas a missão é quase ninja. E antes de sair de viagem na Europa é interessante fazer a "Carte12-25" um espécie de passe para menores de 25 anos que pagando 50 euros e com duração de 1 ano você ganha ótimos descontos na compra de passagens de trem em alguns países da Europa. Uma vez de malas arrumadas e cartas na mão pegamos o trem em Lyon em direção a nossa primeira aventura: Luxemburgo.
Luxemburgo: Um país pequeno situado na Europa Ocidental com população não superior a meio milhão de habitantes - o equivalente a alguns bairros do Rio de Janeiro. Chegamos em Luxemburgo pela manhã e ja sairíamos no dia seguinte o que nos obrigou a conhecer rapidamente o país. Junto de um grande amigo nem fomos ao hostel deixar as mochilas, fomos direto fazer a visita depois de um almoço bem revigorante no Subway. A cidade de Luxemburgo era absurdamente linda. Do estilo clássico europeu: friozinho, árvores esverdeadas e amareladas pela cidade, arquitetura medieval mas ao mesmo tempo moderna, lagos, lindas paisagens e pessoas bonitas e arrumadas andando durante o dia. O luxo da cidade era um charme a parte. Junto desse amigo tiramos algumas fotos e rodamos um pouco na cidade e visitamos a catedral de Notre Dame de Luxemburgo. Depois fomos ao hostel fazer check-in e sair com o resto da galera. No caminho encontramos uma espécie de torre sendo acessada por um muro sobre um abismo. Hesitei um pouco mas junto da galera subimos o muro e fomos até o topo da torre. Ainda era o primeiro dia de viagem e já estávamos vandalizando. O resto do dia foi de passeio, de sobes e desces sobre a cidade (me senti em Ouro Preto de tanta ladeira que tive que subir, saí de lá com pernas de funkeira). A noite uma merecida cerveja pra esquentar (sim! a temperatura estava negativa nesse momento) seguida de um sono de bebê. 

Acordando cedo no dia seguinte, fizemos o check-out e demos uma última volta na cidade e partimos pro nosso próximo destino: Buxelas, Bélgica.


Bruxelas: Chegamos em Bruxelas a noite depois de algumas horas de trem. Uma vez estando na cidade das melhores cervejas do mundo, nosso destino não poderia ser outro que não fosse um bar. E não iríamos a qualquer bar, iríamos diretamente ao Deliriums Bar, o bar da cerveja mais gostosa de todo o mundo a Delirium. O nome Delirium é associado a uma psicose dada a abstinência de álcool ou a drogas pesadas, a pessoa não sabe onde está, não sabe que dia está, não consegue organizar pensamentos, tem ilusões...não muito diferente do estado que ficaríamos ao passar a noite toda no bar.Na Bélgica há mais de 1500 variedades de cerveja, e cada cerveja tem um copo específico que adequaria o sabor da cerveja ao mesmo. A noite no bar foi muito agradável, encontramos um casal de cariocas que estavam passando a lua de mel bêbados ali! Mais romance impossível.

No dia seguinte (sem ressaca) fomos fazer um turismo pela cidade de Bruxelas e nosso destino principal seria O Átomo ou O Atomium. É uma estrutura de mais de 100 metros de um átomo elementar de ferro ampliado nada menos que 165 bilhões de vezes. Cada esfera com escadas internas permitem uma vista panorâmica da cidade. É uma espécia de torre Eiffel da Bélgica, tão linda quanto!
A barriga dando sinal de vida fomos almoçar batatas fritas belgas. Essas belezuras se diferem de quaisquer outras no mundo por além de possuírem um molho característicos são fritadas em banha de boi, são consideradas as melhores do mundo sem nenhuma contestação.
Nosso próximo destino seria algo muito marcante para qualquer botafoguense como eu, a visita ao MANEQUINHO! O Manneken Pis (símbolo da torcida do Botafogo e rebatizado de Manequinho) é uma estátua de um garotinho urinando. Muito famosa na Bélgica essa estátua é decorada em diversas ocasiões de feriados e festividades, me lembro que o armário do Manequinho constava com mais de 100 roupas e acessórios diferentes. A origem do símbolo é desconhecida, uns dizem que durante uma guerra um garotinho mijou tranquilamente numa árvore mostrando símbolo de bravura durante o conflito. Outros dizem que durante um incêndio o garotinho teria entrado na casa em chamas e mijado nos alicerces para apagar o fogo e ajudar sua família. Seja lá qual for sua origem é o Fogão nas Europas!!!




O dia não seria finalizado ali na Bélgica mas sim no destino mais louco da viagem, nenhum lugar a menos que Amsterdã, Holanda.


Amsterdã: a capital da Holanda e a capital de doras e sexo. Muito no que rolou nessa viagem não posso comentar aqui por causa da legislação brasileira então comentarei o mais breve possível.

Depois de uma noite interessante em Amsterdã de dia fomos fazer turismo na cidade. Algo que sempre chamara minha atenção era o fato da legalização da prostituição na cidade. O guia nos explicou que pescadores após a fundação da cidade sofriam constantemente com saqueadores que ali desembarcavam e estupravam suas esposas e filhas. Para contornar a situação a prostituição foi legalizada de modo que ali alem de desembarcarem estupradores desembarcavam também prostitutas que em troca de moedas satisfaziam os visitantes sem arrumar problemas com a polícia. Todo mundo ganhava com o acordo.
Em Amsterdã hoje existe uma rua (na verdade um bairro) chamado de Red Light District onde nele estão "concentradas" as mulheres da noite, que sob luzes vermelhas ficam em vitrines disponíveis a qualquer turista que ali passar. É como se estivesse em um mercado comprando carne, é algo totalmente surreal. No entanto é proibido tirar fotos do local, caso você seja pego com uma máquina na mão algum segurança de 2,5m de altura te reprimirá, foi o que me disseram.
Outro fato bem conhecido de Amsterdã é a liberação de drogas leves dentro de Coffee Shops. É possível entrar em bares específicos e experimentar maconha, bolinhos, cogumelos e tudo mais que a galera queira. Basta pedir e fuck da police!
Existem muitos canais em Amsterdã, se não me engano estes contabilizam mais de seis centenas! É uma geografia diferente do que se vê. Por possuírem ruelas extremamente estreitas o meio de transporte número 1 utilizado é a bicicleta e estas se vê aos milhares pela rua e estacionadas...às  vezes estacionadas até dentro da água!
Os famosos moinhos e tulipas se encontram mais distante do centro da cidade e necessitam de um transporte particular para visitas.
Não podendo mais entrar em detalhes sobre a ida a Amsterdã aqui encerra a visita e essa cidade louca!





Depois de 3 dias ali partiríamos para Praga na República Tcheca e em seguida à Milão na Itália. Essas duas cidades, serão relatadas na Parte II. Apenas digo que Praga de todas as cidades visitadas foi a que mais me encantou por x! motivos. Até a próxima!


Rock n' Roll!



Matheus Oliveira




domingo, 23 de setembro de 2012

Trilha no Corcovado – Uma Aventura mais do que recomendada


Sexta-feira 14 de setembro de 2012. Essa seria a data da melhor trilha que já teria feito até então: a subida no morro do Corcovado. Não preciso nem comentar sobre o morro do Corcovado, mais famoso do que qualquer outro que se possa imaginar, pois afinal é no seu topo que encontramos o cartão postal número 1 da cidade, a estátua do Cristo Redentor. A altitude da montanha era de mais de 700 metros começando no Parque Lage – aos pés do Corcovado. Uma distância total estimado em meia dezena de kilômetros percorridos até o topo.
O Parque Lage foi o ponto de encontro com meus amigos. Em um grupo de 4 pessoas, acordamos cedo vencendo aquela preguiça matinal e nos preparamos para encarar essa trilha. Após nos reunirmos saímos em caminhando em busca da direção do início do trilha. Fato curioso é que já ali nos perdemos. Não tinhamos ideia de onde a trilha começaria. E ao perguntar por direção aos seguranças do parque conseguimos depois de um leve "bate-pernas" chegar ao local. Antes de começar a trilha deve-se passar em uma pequena cabana ainda no Parque Lage e registrar o nome do grupo deixando um telefone caso algo aconteça. Lá pegamos um mapa da trilha. Curioso é que os seguranças constantemente perguntavam se a gente era acostumado a fazer esse tipo de coisa pois a trilha era muito dura e consideravelmente perigosa. Adrenalina à parte, tomamos o caminho rumo a subida do Corcovado saindo a esquerda da cabana. O segurança chamou nossa atenção dizendo que o caminho era pela direita...

Agora finalmente no caminho do Corcovado seguimos os 4 pela floresta. A mata era um pouco fechada mas felizmente o caminho era único e não havia como se perder. O mapa mostrava a trilha mas não era muito claro. Após cerca de 20 minutos de caminhada encontramos o primeiro riacho, este indicado no mapa. A partir dali pude me localizar e ter uma ideia mais geral do caminho. Ao passar do segundo riacho cerca de 40 minutos de caminhada sabíamos que era preciso pegar uma outra trilha, esta mais ingrime e de mais difícil acesso.

Começamos a segunda parte da trilha, uma espécie de escalada mesmo pois constantemente necessitávamos do apoio de troncos de árvores pra ganhar impulso e/ou equilíbrio. Fato engraçado é que pensávamos que essa parte era curta e cada 20 metros esperávamos seu fim. E este só veio 1 hora e 40 minutos depois! Foi isso mesmo, mais de 1 hora e meia subindo e escalando o Corcovado e aproveitando as belas vistas que a natureza nos oferecia. 

As meninas que foram com a gente estavam exaustas, e toda hora era necessário paradas pra elas poderem pegar fôlego. Normal pra quem não é acostumado. A trilha do Corcovado é considerada uma trilha dura e pesada e sentimos na pele as palavras. Uma das minhas amigas sentiu ainda mais ao deslizar consideráveis metros ladeira a baixo ao dar uma pisada em falso. Uma outra parte bem dura é uma escalada sob umas pedras com o auxílio de uma corrente instalada lá. Deve-se atravessar uma dezena de metros sustentando seu corpo com a força dos braços enquanto vai se escalando com as pernas.
Agora quase no topo cruzamos com o trilho do Bondinho. Enquanto recuperávamos fôlego pudemos ver este passando na nossa frente, e mais, tocando um belo samba carioca. Aquela música no meio de toda aquela floresta me deu muito orgulho de estar ali e de ter nascido nessa Cidade Maravilhosa. Porque isso é o Rio!!
Mais de 2 horas e meia de trilha e só um pouquinho cansados, chegamos ao topo, chegamos ao pé do Cristo Redentor. Uma vez ali aproveitamos pra fazer uma visita mas antes tomamos aquele Powerade revigorante sabor uva. A volta? Bem...voltamos de van! Porque a gente merecia no final do dia...



Rock n roll!!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Côte d’Azur - Riviera Francesa [Parte I – Juan-les-Pins e Antibes]


Localizada no litoral sul da França, no Mar Mediterrâneo, a Côte d’Azur (Costa Azul) é composta por várias cidades litorâneas. As que foram visitadas nessa viagem foram: Juan-les-Pins, Antibes, Nice, Monaco, Cannes e Saint-Tropez.

A viagem foi feita durante 1 semana com 3 amigos brasileiros. Na verdade eu conhecia apenas um deles. Os outros dois eram amigos dele, mas além de ser uma ótima oportunidade pra conhecer outras pessoas, viajar em grupo é ainda uma ótima maneira de economizar. Estávamos todos de férias ou dos estudos ou dos estágios e seria minha última semana na França, nada melhor que aproveitar essa semana curtindo um lindo verão de final de julho.
A idéia original era ficarmos a semana inteira em Saint-Tropez, pois além de ser uma das cidades mais famosas estávamos loucos pra pegar boate la. O problema é que hotel e mesmo albergue (que são poucos) eram absurdamente caros. Depois de uma pesquisa feita pelo meu amigo vimos que a melhor opção era ficar em uma cidade menor conhecida como Juan-les-Pins. A gente mal sabia que seria a melhor escolha que a gente poderia ter feito.

Chegamos de trem saindo de Lyon em uma segunda-feira a noite, depois de muitas horas de viagem e trem atrasado. A empolgação era gigante. Além de poder curtir o calor e as praias queríamos pegar noitada, noitada que só a França saber proporcionar. E não deu outra. Ao chegarmos deixamos as coisas no hotel (um simples hotel 2 estrelas suficientemente aconchegante para 4 pessoas) e fomos dar um passeio no centro de Juan-les-Pins. Mesmo sendo segunda a noite a cidade estava lotada. Os bares todos cheios, gente de todos os lugares, com música ao vivo e até o samba a gente pôde encontrar. Paramos em um tradicional “Kebab” como ficaram conhecidas as pequenas lanchonetes árabes. Comemos e então conversamos sobre o que faríamos. Mesmo cansados da viagem o ambiente nos impulsionou a curtir a noite. Ao caminhar encontramos um grupo de 5 meninas e perguntamos se elas saberiam informar se por ali teria alguma boate legal. Elas disseram que naquela noite teria uma festa muito boa na Kiss e que o tema era “Praia”. O tema era perfeito para nós que estávamos de camisa de praia, shorte, chinelo e eu ainda usava meu chapéu maroto. E como no nosso grupo tinha menina, as meninas disseram que até meia noite as mulheres não pagavam e ainda consumiam champanhe de graça, ao contrário da gente que deveria pagar 18 euros. Conversamos e decidimos ir. Nossa amiga ficou na fila pra entrar na boate e aproveitar a promoção enquanto o resto de nós foi a um mercadinho comprar bebidas pra não ter que consumir dentro da boate. Assim como no Brasil as bebidas em boates francesas são super caras. Compramos uma garrafa de Absolut, sentamos na beira da praia, fizemos amizade com uma galera meio doida que tinha ali e então partimos pra boate. A boate estava perfeita. Não muito cheia e nem vazia. Muita gente bonita e animada, e a música estava muito boa (apesar de não ter o hábito de reparar nas músicas, estas me agradaram bastante). Ao lado da pista tinha uma piscina e nesta havia duas mulheres muito lindas de biquini que usando arminhas de água ficavam jogando jatos no pessoal que dançava. Não posso contar mais detalhes do que ocorreu naquela noite pra não me comprometer aqui, mas em geral foi uma noite muito bem aproveitada. Na volta, já quase amanhecendo, depois de beber um pouquinho acabamos de nos perdendo. A fome era enorme. Por sorte encontramos uma janelinha do nada com um homem fazendo e vendendo salgadinho. Compramos uns Quiches Lorraines (uma espécie de empada por assim dizer) a um preço bem salgado mas na fome vale tudo! Foi uma noite pra ficar na lembrança. 

Na manhã seguinte acordamos com aquela mini ressaca e fomos fazer turismo na cidade. Almoçamos um tradicional sanduíche de Atum comprado no supermercado (cada sanduíche custava menos de 1 euro, ou seja com menos de 2 euros estávamos com a barriga cheia) e seria este o sanduíche que comeríamos durante 1 semana sem descanso; e em seguida fomos à praia. A água era absurdamente linda. Tão clara que dava pra enxergar a sujeira dentro da unha do pé. Na areia os franceses aproveitavam pra se torrarem sob um sol quente de verão. O dia estava perfeito a viagem começara a 200%. Depois de um banho naquele marzão e de curtir um pouco o ambiente saímos pra tomar uma gelada porque a garganta tava pedindo. Finalizamos o dia indo a Antibes. Antibes ficava bem ao lado de Juan-les-Pins e eu particularmente não sei dizer quando acabou uma e quando começou a outra. Mas como era bastante perto acabamos dando um pulo lá. Tudo estava bem cheio, acho que o país inteiro tinha descido pro sul por conta do calor. Vale ressaltar que antes dessa viagem eu estava morando no norte onde no verão faziam 8 ou 10oC.

Em Antibes fomos direto a um forte que nos chamou bastante atenção. Andamos um bocado mas a vista valeu a pena. Dava pra ver os inúmeros barcos, lanchas e iates que tinham no bar ali. Um luxo sob águas que só seria superado em Saint-Tropez. Demos uma outra volta pelo centro da cidade e pelo comércio. Pensamos até em jantar alguma coisa ali mas no fundo ficaríamos bem mais satisfeitos com o sanduíche de atum do mercado e assim fizemos. Como não tinhamos dormido muito até então tiramos a noite pra repor as energias, pra poder aproveitar bastante o terceiro dia da viagem onde partiríamos bem cedinho à cidade do festival de cinema, Cannes. 

Parte II vem aí...

domingo, 9 de setembro de 2012

Viagem e “pseudo-trilha” em Bicuda Grande


Bicuda Grande é um distrito da região serrana de Macaé, no interior do estado do Rio de Janeiro. A Região Serrana atrai diversos turistas da cidade de Macaé, e até de municípios vizinhos, devido a grande beleza natural de seus distritos. De maio até novembro são realizadas festas na maioria deles.

Lembro a primeira vez que fui à Bicuda Grande, eu não devia ter mais de 13 anos. Tenho uma grande amiga de infância que possui um sítio la e assim como daquela vez ha quase 10 anos atrás, novamente nesse feriado de 7 de setembro acabei retornado à Bicuda.

Dessa vez fomos em dois carros e viajei com mais 5 grandes amigos. O sítio havia mudado bastante mas pra mim permanecia o mesmo. Fizemos churrasco e bebemos cerveja, comemos pizza “crua”no forno a lenha, passamos horas em jogatinas com Korsário e Truco e ainda tomamos banho gelado de piscina e cachoeira. Um feriado realmente bem aproveitado e em melhor companhia possível.

Na manhã de sábado acordei bem cedo e determinado a fazer uma primeira trilha naquela região. Tinha levado calça e botas, garrafa de água, bússola e um singelo canivete. Nenhum dos meus amigos estava disposto a me acompanhar mas fui assim mesmo, seria um grande desperdício deixar passar uma oportunidade dada pela Mãe Natureza. 

Assim, tomei um banho mega gelado e tomei um café revigorante. Ao sair da cabana encontrei com o caseiro do sítio e perguntei a ele se ele sabia onde ficava o início da trilha pra subir a montanha de Bicuda Grande. Ele, muito simpático, disse que nunca havia ido e que era bem perigoso ir sozinho e ainda mais sem conhecer o caminho. Disse a ele que ia me aventurar assim mesmo. Ele disse que ia me acompanhar até um outro sítio onde ele achava que a trilha começava. No caminho descendo pela nascente do rio ele me perguntou se eu estava equipado com um facão. Disse que tinha apenas um simples canivete. O caseiro disse que a mata era fechada e que alem disso tinha “onça” no caminho. E que uns dias atrás essas onças tinham matado todo o rebanho de um fazendeiro da região. Retirou então seu facão da cintura e disse pra eu amarrá-lo na minha. O facão, quase uma espada samurai, não tinha menos de 80cm. Aceitei o presente e continuamos a caminhada. Chegando ao sítio que ele falara perguntamos a uma senhora o início da trilha para o Pico de Bicuda Grande. Ela informou onde era mas disse que eu não fosse sozinho, que fazia tempo que ninguém tinha ido la e que devia estar bem fechada. E por último perguntou se eu estava levando corda. Eu me perguntei “corda? Aí é demais..”. Ela disse que tinha uma parte da trilha que tinha que atravessar grandes pedras e que necessitava de corda. Depois de relutar tanto acabei aceitando a derrota e desisti de subir essa montanha. Pelo menos por hora, um dia eu volto com certeza pra subir até o topo, foi a promessa que fiz a mim mesmo. Ao voltar o caseiro do sítio da minha amiga me falou de uma outra trilha, mais simples e tão bonita quanto que eu poderia fazer. Era uma outra montanha acima de todos os sítios. Me indicou o caminho e assim salvou minha trilha.

A trilha foi realmente muito simples. Um pouco mais de 2 horas sob um sol forte na região serrana. Belas paisagens e uma mata um pouco densa o que me obrigou a abandonar uma subida no alto da colina. O silêncio da natureza era demais! Ao longe dava pra se ouvir bem fraquinho o canto dos pássaros mas o que realmente marcou essa trilha foi o silêncio das árvores. Sem vento algum estas tinham suas folhas imóveis durante toda a subida. Me senti como um fantasma ali no meio daquilo tudo. Como se a minha presença fosse totalmente ignorada pela mata. E dessa sensação vou me lembrar por muito tempo.     

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pedal na floresta de Compiègne


Na manhã do dia 21/04/2012 peguei minha Bike e junto com um amigo francês partimos em direção à cidade de Compiègne. Compiègne é uma pequena cidade de 45 mil habitantes localizada no norte da França, na região da Picardie, cerca de 100 km ao norte de Paris. Compiègne é famosa na região por ter sido la, no século 15, a captura de Joanna d’Arc pelos borgonheses. E mais recentemente durante a guerra, em 1940, a assinatura do armisticio entre a Alamanha de Hitler e a derrotada França.
Nessa manha de domingo o sol ja estava forte no céu azul. Chegando a cidade fomos direto em direçao à sua floresta: gigantesca com mais de 14 mil hectares de superficie, a terceira maior floresta da França. Ela forma um circulo de 14 km de diametro e 43 km de perimetro. Monstruosa e bela, a floresta conta com 1200km de rotas ciclaveis e o ponto alto e principal da floresta é o Château de Compiègne, um dos castelos do Rei-Sol Louis XIV. Posteriormente aos seus sucessores do trono Louis XV e Louis XVI e até ao celebre imperador Napoleão (I e II).

Começamos o pedal por volta de 9 da manhã. Pegamos um mapa e fomos nos localizando por ele pois os caminhos sao verdadeiros labirintos.

Sao sugeridas algumas rotas (enumeradas de 1 a 8) cada uma com cerca de 20 km com percursos direcionadas.

Começamos pela rota 2, se não me engano essa de 22 km. O sol forte batia nas costas, mas o vento frio da região tornava o calor suportável. No caminho cruzamos com outros ciclistas ou mesmo corredores. Na França a pratica de esportes é algo comum, não havendo idade. Eram crianças, jovens, adultos e ate idosos. Fato curioso foi ser ultrapassado por uma senhora que devia ter no minimo 60 anos. Mas nunca fui orgulhoso do meu preparo físico entao deu pra engolir.
Apos alguns kilometros rodados acabamos nos desviando da rota e mesmo com o mapa nao conseguimos nos localizar. Resolvemos entao partir floresta a dentro em direçao ao lago. A floresta ficara mais densa e o pedal mais complicado; menos rapido mas mais emocionante. Apos uma meia hora tentando localizar o lago descobrimos que nao sabemos interpretar o mapa e nos vimos de novo perdidos. Sugeri que o mapa fosse pra mochila e que seguissemos sem rumo. E uma dezena de kilometros depois retornamos ao caminho principal, o caminho que dava acesso ao castelo.
Cruzamos o longo caminho que devia ter uns 5 km de extensão, talvez mais não sei ao certo. E chegamos no topo de uma colina para contemplar a vista mais incrivel do pedal. Sentamos no topo da colina e ali ficamos pra recuperar o folego.

Na volta deixamos as bikes e fomos fazer uma curta trilha a pé ao lado das arvores. O pedal tinha chegado ao fim.
Perto de 13h e com fome, pegamos as bikes e voltamos pela estrada até em casa, mas não antes de parar num bar e tomar uma boa gelada.

Fizemos ao todo por volta de 40 ou 50 km dentro da floresta. Uma boa experiencia que nos rendeu belas fotos e paisagens.


Matheus Oliveira.

Prefácio

E aew galera, beleza?

Resolvi criar esse blog pra poder compartilhar com vocês um pouco das viagens que fiz no Brasil e no exterior e de outras que ainda pretendo fazer.

Vou colocar aqui dicas de países, cidades e lugares pra se visitar, compartilhando cada aventura e emoção dos meus passeios.

Vou comentar trilhas (a pé, de bike, de moto e de carro) feitas e compartilhar fotos e paisagens pra que vocês possam sentir um pouco desse hobby e estilo de vida que é viajar.

Muitos pensam que pra viajar tem que se gastar uma boa grana, o que é falso. Muito as vezes podemos fazer passeios bem bacanas com o dinheiro que seria gasto em bebidas numa balada.

- Viajar é estar bem consigo mesmo. É aproveitar um pouco do que a mãe natureza tem pra nos oferecer. É contemplar e respeitar o homem e suas culturas e a entender a si mesmo.

Vou finalizar esse singelo prefácio com um poema de Fernando Pessoa:

"Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos. "

Espero que gostem do blog e que este possa ser útil à futuros viajantes!



Pé na estrada e rock n' roll!